No âmbito do projeto RERSUS de experimentação de cuidados intermediários de saúde, está em andamento o curso de formação sobre a pesquisa emancipatória, direcionado para líderes comunitários e agentes comunitários de saúde da cidade de Niterói/RJ.

A pesquisa emancipatória é uma metodologia de analisar e pesquisar problemas sociais, de saúde, econômicos de um território que torna pesquisadores os mesmos beneficiários da pesquisa, os mesmos pesquisados. É uma forma de realizar pesquisa que não se contrapõe ao contexto acadêmico mas que se torna a ele complementar, pois, observa os fenômenos e busca a compreensão de problemas com um envolvimento direto e ativo das pessoas que estão sendo investigadas.

Dinâmicas em grupos fazem parte do processo de aprendizado do curso

 

 

A pesquisa emancipatória surgiu no fim do século passado, em um contexto ligado às condições de vida das pessoas com deficiência, a partir da observação que neste âmbito as pessoas com deficiência eram, tradicionalmente, somente objeto de pesquisa e praticamente nunca protagonistas da mesma.

Os conceitos da pesquisa emancipatória, ainda hoje em fase de sistematização conceitual e prática, se expandem em geral às populações marginalizadas e às periferias, e os pesquisadores acadêmicos ficam envolvidos na pesquisa emancipatória unicamente como coordenadores e facilitadores.

 

Os alunos da pesquisa emancipatória em Niterói

 

 

Sunil Deepak falando aos alunos do curso

 

 

O curso está sendo introduzido e inicialmente gerenciado por Sunil Deepak, médico indiano, colaborador da AIFO há 30 anos no setor da hanseníase e deficiência, e especialista consultor da OMS, especificamente na equipe “Deficiência e Reabilitação” (DAR/WHO) do organismo internacional. Sunil tem experiência na coordenação de pesquisas emancipatórias na Mongólia, Guiné-Bissau e Libéria. Hoje ele vive na Itália mas, a cada ano, passa algum mês na Índia trabalhando com organizações sociais que se ocupam de deficiência, hanseníase e saúde.

O curso em andamento tem uma duração de 40 horas/aula, das quais 16 foram ministradas pelo Sunil, e conta com a participação de 40 entre líderes comunitários e agentes comunitários da saúde de Niterói. Além deles, participam como observadores pesquisadores e professores da UFF e da UNIRIO.

Depois de dois intensos dias de teoria e muita prática com Sunil, o curso continuará sob a coordenação da Mírian Ribeiro, terapeuta ocupacional, especialista de Saúde Pública e gerente geral do projeto RERSUS.

 

Sunil e a Terapeuta ocupacional Mírian Ribeiro