O coronavírus desembarcou em São Paulo por voo internacional vindo da Europa, foi tratado no Hospital Albert Einstein, famoso por atender a elite a custos elevados. Já no Rio de Janeiro, a primeira morte simbolizava a dramática situação social que se alastraria: uma empregada doméstica que contraiu da patroa regressa também da Europa, mas que preferiu não dispensar a funcionária.
Sabemos o nome do genocida por trás da necropolítica pela qual estamos presenciando, potencializada pela pandemia da covid-19, mas a dor negligenciada tem endereço.
No mapa de São Paulo, as mortes por covid-19 se concentram nas periferias, exemplificando o que queremos dizer quando falamos em vulnerabilidade social, falamos em vidas, profissionais, familiares de pessoas que foram perdidas sem esforços a altura para impedir tal tragédia.
Além disso, alerta-se para uma terceira onda que pode matar 20 vezes mais em bairros empobrecidos da capital paulistana.
O desinteresse na recuperação dessas vidas se manifesta na lenta vacinação, insuficiente se associada a pouco incentivo a duração do isolamento social por decreto, ainda sem auxílio emergencial digno e que garanta a sobrevivência das famílias.
“O primeiro mapa refere-se aos quatro meses da primeira onda da pandemia – março a junho de 2020. A diferença cromática moderada indica que o risco de morrer de covid já era desigual, mas ainda não tão escancarado. […] O mapa revela que os bairros centrais já eram os mais poupados, com mortalidade entre 42,8 e 83,6 habitantes, para cada grupo de 100 mil. Morria-se muito mais nas zonas leste e norte: em Cangaíba, São Mateus, Vila Brasilândia ou Cachoeirinha, os índices oscilavam entre 94 e 140 por 100 mil.”
Dia das mães na pandemia: pela valorização de quem cuida.
A BRASA, pelo projeto Vozes Femininas, está próxima à Vila Brasilândia, e acompanha a tensão de mulheres com deficiência e cuidadoras de pessoa com deficiência que perderam pessoas próximas e que tentam diariamente se proteger e proteger àqueles que amam em meio a tamanho descaso.
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