Nossa Associação-mãe, a italiana AIFO continua desenvolvendo projetos para trabalhar junto a outras nações pelo desenvolvimento inclusivo dos mais vulneráveis. Nos orgulhamos em divulgar esse tipo de iniciativa, pois também acreditamos enquanto BRASA, que o empreendedorismo justo e digno empodera o indivíduo e o incentiva a quebrar paradigmas para buscar soluções criativas de se desenvolver.
Na Guiné-Bissau, um projeto de auto-empreendedorismo para jovens em risco de migração e migrantes retornados
Desenvolver as competências empresariais dos jovens e das mulheres, por meio da formação profissional e da criação de pequenas empresas que melhorem a situação dos indivíduos e de suas famílias, reforçando assim a economia local. Este foi o objetivo do projeto “Mais comunidade, mais força” realizado por AIFO – Associazione Italiana Amici di Raoul Follereau e financiado pela Agência Italiana de Cooperação para o Desenvolvimento (AICS) , que de Outubro de 2018 a Maio de 2020 envolveu mais de 100 jovens da região do Gabu, na Guiné-Bissau. O projeto desenvolveu e financiou mais de 20 novas empresas.
Este projeto é muito ambicioso porque visa aumentar a resiliência da população e a capacidade de explorar os recursos locais. Ao estimularmos a criatividade destes jovens, plantamos uma semente, encorajamos eles a se perguntarem: o que pode ser feito para melhorar este território?
Elisa da Silva Guimarães,coordenadora do projeto “Mais comunidade, mais força”
No total, nasceram 22 empresas graças a este projeto, pelas quais foram obtidos o Número de Identidade Fiscal (NIF) e a declaração de início das atividades comerciais, etapa fundamental que define o ingresso no mercado.
Zonas geográficas
abrangidas:
• 10 empresas em Gabu
• 6 empresas em Boè
• 6 empresas na Sonaco
Setores:
5 horticulturas
4 aviários
3 alfaiatarias
2 salões de cabeleireiro
2 restaurantes
1 produção de mel
1 comércio de produtos locais
1 atividade de tingimento de tecidos
1 atividade pesqueira
1 peixaria especializada em peixe fumado
1 cultura de batata
Financiamento:
963.121 FCFA (1.468 euros) de financiamento dirigido a cada empresa
21.188.664 FCFA (32.300 euros) de investimento total, gastos para comprar:
• 43,4% materiais e equipamentos
• 30,1% estruturas e construções
• 17,5% de matéria-prima
• 9% de publicidade
O projeto apoiou um total de 103 pessoas, jovens e mulheres da região de Gabu.
Faixa etária dos beneficiários:
• 21 jovens entre os 18 e 24 anos
• 35 jovens entre 25 e 29 anos
• 21 jovens entre 30 e 35 anos
• 26 jovens com mais de 35 anos
Género:
• 37 homens
• 66 mulheres
As Fases do Projeto
Após uma avaliação do contexto e das necessidades da população local, a AIFO recebeu 350 propostas de novos empreendimentos feitas por jovens da região de Gabu, das quais 50 foram então selecionadas para a fase seguinte que foi a da criação do business model canvas.
Este é um modelo que define, detalhadamente, as características das futuras start-ups. Depois desta etapa, 27 jovens chegaram na fase final e participaram da formação específica. Esta foi realizada pela cooperativa social Open Group, parceira do projeto. Em seguida, 22 deles receberam apoio para a implantação das empresas e o monitoramento deste processo. Além disso, foi também organizada uma outra fase de formação individual e em grupo, bem como foram realizadas formações específicas para alguns setores.
O sucesso de um novo negócio não se mede pela forma como começa, mas pelo tempo que vai durar. O nosso objetivo é que dentro de um ano estas novas empresas ainda estejam ativas, produzindo riqueza para a comunidade, empregando pessoas e fornecendo produtos de qualidade e sustentáveis.
Federico Cavina, formador de Open Group.
Formação
No total, foram realizadas 273 horas de formação para desenvolver as competências empresariais dos beneficiários:
• 39 horas de formação coletiva
• 154 horas de formação individual
• 48 horas de formação específica em avicultura
• 32 horas de formação específica em horticultura
Nas atividades de formação, entre os temas abordados estavam as questões do investimento inicial, a da gestão orçamental e da sustentabilidade da empresa ao longo do tempo; também foram aprofundados o conceito de impacto social e os benefícios que uma empresa deve trazer para a comunidade. Para tornar as aulas mais envolventes, foram utilizados métodos interativos de aprendizagem pela prática, por meio de atividades manuais e visualizações gráficas.
O Contexto
A região do Gabu situa-se na fronteira com o Senegal e a Guiné Conacri. É aqui que a AIFO tem trabalhado para incentivar o nascimento de novas atividades de microempresas, criando oportunidades de emprego e apoiando os jovens, que muitas vezes encontram na migração a única forma de sair da pobreza.
Com quase 70% da população vivendo abaixo do patamar de pobreza nacional, o país ocupa, em uma lista de 188 países, o 178º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano. A instabilidade política torna os serviços estatais ineficientes, desde a educação e serviços de saúde até à falta de infraestruturas. A economia também está estagnada: a maioria das atividades econômicas estão concentradas na capital Bissau, enquanto no resto do país não há investimentos; sendo assim, a taxa de desemprego é muito elevada.
A ONG AIFO trabalha na Guiné-Bissau há mais de 40 anos. Inicialmente empenhada exclusivamente no tratamento de doentes de lepra, atualmente está também envolvida na proteção da saúde materno-infantil, no empoderamento das mulheres e dos deficientes e no desenvolvimento de projetos para jovens em risco de migração.
Esse texto foi extraído da publicação da AIFO: