Os debates sobre acessibilidade às pessoas com deficiência têm gerado a realização de uma significativa quantidade de direitos cidadãos. Elas, contudo, trabalham para ampliarem o leque das demandas, inserindo temas como corpo, sexo e sexualidade. Um grupo de ativistas dos direitos humanos em São Paulo, há cerca de um ano, atua para ampliar o rol das discussões e popularizar as novas solicitações. Entre eles, Tuca Munhoz, Sandra Ramalhoso e Mila Guedes do Comitê Científico da BRASA.
Surgiu assim o Coletivo Sim Fodemos, que durante Carnaval de 2018 colocou o bloco na rua. Confira abaixo, em vídeo, alguns momentos da divertida estratégia do coletivo, que inicialmente chegou a ser chamado de We Fuck. No segundo dos dois vídeos abaixo, além de alguns momentos do desfile do bloco, sugerimos de ouvir a fala introdutória de alguns dos ativistas que fazem parte do mesmo sobre o tema da sexualidade da pessoa com deficiência, inclusive acerca da escolha de um nome deliberadamente provocatório para o coletivo.
Umas palavras introdutórias sobre o coletivo Sim. Fodemos!
“As pessoas com deficiência têm sido ao longo da história excluídas do acesso à direitos e à uma vida plena. Preconceitos que se apresentam como o assistencialismo e o paternalismo ainda são presentes em nossa sociedade fazendo das pessoas com deficiência eternamente dependentes e subalternos de instituições beneficentes. Mas, ao longo das últimas décadas o movimento de pessoas com deficiência e seus familiares juntamente com uma infinidade de pessoas simpáticas à causa dos direitos desse segmento da população, têm conquistado e tornado realidade uma significativa quantidade de direitos de cidadania.
Cotas no mercado de trabalho garantem hoje que milhares de pessoas com deficiência estejam presentes no mundo do trabalho, políticas de educação inclusiva propiciam que centenas de milhares de crianças e jovens com deficiência frequentem a escola regular, políticas públicas baseadas no Sistema Único de Saúde – SUS e Sistema Único de Assistência Social – SUAS, têm conferido dignidade às pessoas com deficiência.
Recentemente, em julho de 2005, foi sancionada pelo governo federal a Lei Brasileira de Inclusão contribuindo para que cada vez mais as pessoas com deficiência tenham consolidados seus direitos enquanto cidadãos e cidadãs.
E também nos campos da sexualidade, dos direitos reprodutivos e na afirmação do corpo com deficiência como um corpo pleno e completo dentro de um contexto de diversidade humana, as pessoas com deficiência se manifestam.
Uma dessas iniciativas, que acontece na cidade de São Paulo, está na criação do Coletivo We Fuck, mudando agora seu nome para SIM FODEMOS, um grupo de pessoas com deficiência começou a se organizar para abrir esse debate com toda a sociedade.
O debate em torno desses temas, corpo, sexo, sexualidade, permitem inserir as demandas das pessoas com deficiência num cenário de discussões muito mais amplo do que as discussões em torno da acessibilidade, inclusão escolar e no mercado de trabalho, e outros. Direitos inalienáveis das pessoas com deficiência, mas que não têm possibilitado que as pessoas com deficiência adentrem em discussões, debates e lutas mais amplas e radicais da sociedade brasileira, como as questões de gênero, de padrões corporais e comportamentais, orientação sexual, violência sexual e outros dessa esfera dos direitos humanos.
Com várias reuniões e encontros realizados no ano de 2017, o Coletivo Sim Fodemos quer agora, no comecinho de 2018 ir para a rua com um bloco de carnaval, participando com alegria e criatividade e mostrando a todos que as pessoas com deficiência querem viver a vida intensa e plenamente, sem esquecer de sua sexualidade, do desejo e do prazer que podem dar e receber.”
Tuca Munhoz
São Paulo, Janeiro de 2018
O trabalho do coletivo pode ser conhecido nos seguintes endereços eletrônicos:
https://www.facebook.com/pg/simnosfodemos
https://www.facebook.com/Sim-fodemos-1786974841573199/