No episódio de Março do DAWHCAST, o Dr. Márcio Contes, médico hansenologista, diagnosticado pelo COVID-19 faz um paralelo entre o seu isolamento social e ao isolamento compulsório usado para combater a hanseníase, método utilizado até meados dos anos 70 – os leprosários.
Comparar os isolamentos nos faz refletir o duro tratamento que foi destinado aos hansênicos através dos tempos. “Até o século XIV, os “leprosos” eram excluídos dos centros urbanos e se tornavam grupos de mendigos pela Europa. Com a urbanização, esse modelo foi atualizado para a construção de leprosários em isolamentos compulsórios”.
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Esse paciente era obrigado a deixar sua vida e ficava cerca de 50 anos nesse lugar, ou seja, sua vida virava o leprosário, quando o indivíduo saia do isolamento, ele não tinha mais vida. Em situação similar, o Dr. Contes reavalia e re vivencia como a pessoa se sentia nessa situação “Como é frustrante perder a llberdade de sair de casa, é uma sensação de isolamento e solidão, imagine isso para um paciente hansênico até a década de 70. Isso não durava dias, isso durava a vida”.
Dr. Contes nos faz lembrar a dívida histórica que a sociedade tem com os pacientes de haseníase. “(o isolamento) Deve ter sido causa de ansiedade e depressão […] Foi uma violência corroborada pelo sistema de saúde da época”.
Sabemos que o contagio de ambas efemeridades, coronavírus e a hanseníase, se assemelham por serem feitas a partir da troca de gotículas de saliva com o paciente. E nos dois casos, os funcionários da saúde que estão no combate, são os mais vulneráveis ao contágio. No entanto, já temos a cura clínica dessa doença milenar que é a hanseníase.
Mesmo assim, o coronavírus nos alarma por ser novo e não sabermos muito a respeito dessa gripe. Estamos falando, globalmente de milhões isolados, mas com o conhecimento de que uma parcela infectada pelo COVID-19 irá morrer e ao fim da pandemia, os sobreviventes vão poder voltar ao convívio e a sua vida social. Já a situação do isolamento da hanseníase era para basicamente, isolar o paciente até o fim de sua vida.