No mês de outubro o Coordenador Geral da BRASA Stefano Simoni visitou os parceiros da Comsaúde, em Porto Nacional, para renovar os fortes laços de amizade e planejar novas ações, além de reforçar o compromisso com as atividades existente, no intuito de fortalecer a atuação da organização no território tocantinense.
Nos encontros com os vários setores de atividade da Comsaúde, se destacaram em especial maneira:
– a importância de fortalecer o Centro de Educação e Reabilitação Infantil (CERI), evidenciada pela responsável Vera e a pediatra Dr. Heloísa (uma das fundadoras da Comsaúde), estruturando melhor a formação das mães e a produção de corte e costura, com o fim de produzir batas e outras peças cuja venda ajude, além das mães, o mesmo CERI, e aproveitando assim espaço e equipamentos existentes;
– no Centro das Crianças, com a responsável Marinalva, e Adaziel, voluntário de capoeira e badminton, conversamos sobre a ideia de desenvolver mais o eixo do desporte, investindo no para-desporte. Sobre isso já tem um pré-projeto que poderá ser aprofundado. O Centro funciona bem, acolhendo mais de 100 crianças e adolescentes e oferecendo atualmente atividades de badminton, capoeira e tambores;
– a Escola Família Agrícola (EFA) de Porto Nacional está muito comprometida com a criação da associação das escolas famílias agrícolas (em total 6 escolas no Tocantins). A EFA agora atende 270 estudantes, 60 dos quais formarão neste fim do ano. Outro foco de melhoria consiste em fortalecer a realização dos PPJs (projetos de fim curso dos jovens) procurando oportunidades de financiamento e de prêmios;
– visitamos, com o responsável da EFA Oséias e um médico italiano presente por um mês e meio na Comsaúde, Mattia, o quilombo de Barra da Aroeira, na região do Jalapão. No quilombo encontramos alguns dos líderes da comunidade, que explicaram a peculiar história deste povoado, cuja terra foi recebida como doação para escravizados que viviam com o patrão deles no interior da Piauí. Apesar da história de afastamento da escravidão não ter sido sangrenta como no caso de outros quilombos, a comunidade sofreu o assédio dos fazendeiros que rodeavam os territórios a eles destinados. Tais territórios nunca foram demarcados, e os fazendeiros roubaram de fato quase tudo: das 64.000 hectares originais, agora sobraram cerca de 1.000 hectares, e ainda falta demarcação. Além disso, muitos dos fazendeiros empregaram pessoal do quilombo de fato escravizando ele novamente, causando cada tipo de vexame, engano, etc. Hoje a comunidade conta com cerca 500 moradores de 50 famílias, todas ligadas com laços de parentesco e descendentes do fundador, Felix Rodrigues. A comunidade vive de agricultura de subsistência, de artesanato (capim dourado) e muitos trabalham nos municípios próximos (Santa Tereza de Tocantins e Lagoa). A renda está muito baixa, o alcoolismo é grave problema social. A comunidade conta com escola de ensino fundamental, quadra esportiva e posto de saúde. A localização é boa, aos lados de uma rodovia importante do interior tocantinense, que liga o Leste do Estado à Bahia. Um projeto piloto de conscientização social, produtiva e educativa, de auto-organização produtiva agrícola cooperativa, Raios de Sol, está sendo implantado na comunidade, com a intenção de expandir esta experiência em mais de 50 comunidade quilombolas e tradicionais da região em volta de Porto Nacional e na região do Jalapão;
– a Comsaúde recebeu em comodato gratuito um casarão histórico, em posição muito privilegiada no morro que domina o lago, com amplo quintal na parte traseira. O casarão está sendo adaptado pelo grupo Cabaça cultural, para que se torne um espaço de venda de artesanato, lanchonete, espaço cultural e de exposições, e de shows ao vivo. Ele receberá também os passeios turísticos periódicos que um grupo local de Palmas organiza para Porto Nacional, cidade histórica do Tocantins;
– na visita ao Hospital Padre Luso, em Palmas, com a diretora Maria Alice, falamos de ideias novas de projetos de desenvolvimento do hospital, que tem uma ala nova em fase de acabamento, e dos serviços adicionais para a comunidade. Entre eles, se destaca a ideia da diretora de abrir uma creche-asilo nas dependências do hospital, aproximando as crianças aos pais trabalhadores do hospital, e favorecer a interação e o diálogo com os idosos do bairro. Ideia que pode se tornar um projeto bem interessante pensando em doadores nacionais e internacionais.