Por oito ano, a Escola Pluricultural Odé Kayodê (EPOK) existiu como ação educativa. Há 16 anos, ela foi oficializada. Uma das inúmeras faces do Espaço Cultural Vila Esperança, que se situa na periferia da cidade de Goiás (2.000 habitantes), uma localidade goiana reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 2002.
A EPOK é pioneira no país, a experiência pedagógica da Escola Odé Kayodê é a materialização da lei 10.639, aprovada em 2003 e que determina a inclusão do ensino da história e cultura afro-brasileira nos currículos da Educação Básica.
Um espaço em que o prazer da educação é estimulado pela experimentação e, além da sala de aula, as crianças têm atividades associadas à origem do povo brasileiro: as culturas africana e indígena. A escola tem como objetivo disponibilizar uma educação integral, que vise o desenvolvimento completo dos alunos, tornando-o mais humanos, questionadores e transformadores.
O fio condutor deste trabalho são as culturas africanas e indígenas, que são trabalhadas o tempo todo, desde a aula de capoeira e contação de mito, à etnomatemática. A cultura ancestral é resgatada e celebrada, não pela fala do não preconceito, mas pela vivência de uma cultura rica e bela, que dá orgulho e vontade de participar. As crianças são incentivadas a se conhecerem e serem autênticas, respeitando o seu próprio ser e o do outro, celebrando a diferença.
O presidente da Vila Esperança, antropólogo Robson Max de Oliveira Souza, relembra que no dia 11 de março de 2002, quando Mãe Stella descerrou a faixa do arco da EPOK, estavam por testemunhas “o sol, uma chuva gostosa, que não molhava as pessoas, e o arco-íris”. A direção da escola está a cargo de Rosângela Magda, a Tia Rô. A Vila Esperança é parceira da Aifo/Brasa.
A EPOK fica em uma área de 3 mil metros quadros, onde o verde é o protagonista central, às margens do Rio Vermelho, um importante afluente do Rio Araguaia que nasce na região da cidade de Goiás e desagua em Aruanã. A construção conta com uma estrutura excelente: salas coloridas, brinquedoteca e muito espaço para cerca de 50 crianças de baixa renda que estudam gratuitamente nas turmas do 1° ao 5° ano do Ensino Fundamental.
Além do conteúdo curricular, os alunos ainda têm a cesso as diversas oficinas, à tarde, e também à chácara Caminho das Águas, onde são realizadas atividades semanais de plantio e colheita de mandioca e milho. Na rotina das crianças constam, ainda, visitas ao galinheiro e ao curral, experiências que ensinam o respeito e o cuidado com o meio ambiente. Nesse espaço também é desenvolvida uma pedagogia que valoriza a roda – onde todos se veem e estão em pé de igualdade -, e na experimentação, onde o prazer de aprender é estimulado.