O 16º Congresso Brasileiro de Hansenologia em Vitória (ES) oportunizou articulações entre os profissionais da saúde, estudantes, cientistas, pesquisadores e membros da sociedade civil. Um dos frutos foi o curso de Pós-graduação de Especialização em Hanseníase.

O curso resulta da parceria entre a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) e a Escola de saúde Pública do Mato Grosso, será a primeira turma de especialização em Hansenologia após quatro décadas.

É importante lembrar que ainda que o Brasil seja segundo país no ranking mundial com maior número de casos de hanseníase, são 30 mil novos diagnósticos por ano. Esse número é ainda maior por conta da subnotificação e pelo desafio que a doença apresenta em identificar novos casos.

Infelizmente, o Boletim do Ministério da Saúde fala em 7,1% de casos novos de hanseníase diagnosticados já com grau 2 em 2011 e 10% em 2020. Se diagnosticado cedo, as sequelas podem ser reversíveis. Porém, a situação contrária é a mais comum, e aumentam os casos entre crianças menores de 15 anos a apresentar sinais de incapacidade, dor e mal-estar.

Além de promover o Congresso anual, a SBH promove ações voltadas para o controle da hanseníase, como o Simpósio Brasileiro de Hansenologia. Fundada em 1948, atua em frentes de educação e capacitação: realiza cursos gratuitos de treinamento e atualização em Hansenologia, que acontecem, preferencialmente, em regiões de alta endemicidade para a hanseníase.

A SBH Certifica médicos hansenologistas para atuarem, com a avaliação nacional teórico-prática aplicada e emite o Certificado de Área de Atuação para médicos no Brasil. Sua campanha permanente “Todos Contra a Hanseníase” compreende o relacionamento estratégico entre a SBH e a sociedade civil em ações que incidam na desinformação a respeito da doença.

Cuidar da saúde é cuidar do próximo

Os Envolvidos na luta pela saúde estão cansados de alertar ser um problema que ultrapassa a doença ou o diagnóstico. Saúde é o pano de fundo da vida e a hanseníase é um reflexo desse aspecto. Afeta condições de trabalho, ou seja, econômica e com isso todos os outros campos, como o social, o pessoal, da família e a qualidade de vida.

Edmilson Picanço e Geraldo Cascaes são lideranças a frente do Movimento de Reintegração de pessoas atingidas pela hanseníase (Morhan) que foram afastados dos pais no período das colônias de isolamento em Marituba, no Pará. Ambos dialogam com o setor público e privado enquanto sociedade civil pelos direitos das pessoas acometidas pela doença e as melhores formas de se controlar a hanseníase de maneira mais humana.

Amazônia tem mais de 40% dos casos de hanseníase

A BRASA enquanto Organização da Sociedade civil atua em estados como Pará, Tocantins e Rio Grande do Norte com projetos sociais de saúde e educação da hanseníase, especialmente da comunidade, mais do que de profissionais de saúde. Por acreditar que a pesquisa por casos é feita melhor quando todos estão bem informados e ativos no cuidado da própria saúde, para lutar também contra o preconceito e estigma que a hanseníase carrega.

Acesse os projetos da BRASA 

Lorrainy Solano é uma mulher de cabelos longos castanhos e pele clara. Ela fala para pessoas em ambiente interno enquanto está de pé, usa máscara de proteção

Lorrainy Solano em atividade do Projeto Hanseníase em Redes de interfaces em Mossoró, no Rio grande do Norte.

Colônias de Isolamento eram tidas como uma prática que dividia pessoas acometidas pela hanseníase do convívio social para viver não só em piores condições, mas em situações de exclusão e isolamento. A Colônia de Marituba foi extinta em 1986. Quando em visita, o Papa João Paulo II observou a realidade de exclusão e o denunciou para o Governo Federal. As marcas históricas desse contexto permanecem vivas no preconceito e na desinformação que a doença ainda carrega.

O diagnóstico precoce é a melhor maneira de evitar a evolução da hanseníase e impedir comprometimentos físicos ao indivíduo. “O paciente chega com deformações nos pés, mãos, face, orelhas, com mãos em forma de garras, pés caídos e perda de movimentos com incapacidade para o trabalho”. Relatou Thania Loiola Cordeiro Abi Rached, doutora pela Faculdade de Medicina-USP Ribeirão Preto para o Portal da SBH .

 

Para ajudar a BRASA a continuar realizando projetos de inclusão das populações marginalizadas na luta por condições mais dignas e humanas. Doe qualquer valor conhecendo nossa página de Doações e assinando nosso informativo mensal.