A hanseníase, doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, afeta de dois a três milhões de pessoas no mundo, de acordo a dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil o Ministério da Saúde a considera como endêmica. Somente em 2017 foram diagnosticados 23 mil casos novos, sendo 5 mil na região norte, 5 mil no centro-oeste e 11 mil no nordeste brasileiro.

Recentemente um estudo publicado na revista especializada PLOS Neglected Tropical Diseases intitulado “Evidence of zoonotic leprosy in Pará, Brazilian Amazon, and risks associated with human contact or consumption of armadillos” alertou que mais da metade dos tatus selvagens que habitam a Amazônia brasileira testados são portadores do bacilo da hanseníase.

De acordo com os cientistas John Spencer, Colorado State University (EUA) e Moises Silva, Universidade Federal do Pará (UFPA), com quem a assessoria de comunicação da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) conversou, as pessoas no Brasil, particularmente nas áreas rurais, caçam e matam tatus como fonte alimentar. Na pequena cidade de Belterra, no oeste do Pará, a pesquisa com 146 moradores mostrou que cerca de 65% das pessoas tinham algum contato com os tatus, por meio da caça, manipulação para preparo e posterior ingestão da carne. Ainda segundo os pesquisadores, um grupo de indivíduos que comia tatus com maior frequência (mais de uma vez por mês) apresentava um título de anticorpos significativamente maior e um risco quase duas vezes maior de ser diagnosticado com doença, um risco significativo.

Leia a íntegra da matéria (com entrevista com os cientistas Dr. John Spencer e Dr. Moises Silva) no site da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT).