Neste ano, de janeiro ao início de março, novos 22 casos foram diagnosticados no estado. Pessoas com sintomas suspeitos passaram por avaliação nesta quinta-feira (15) em Macapá.
(Por Jéssica Alves, G1 do AP-Macapá
Com 105 novos casos de hanseníase registrados em 2017 no Amapá, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) realizou um mutirão nesta quinta-feira (15) em Macapá, com o objetivo de identificar novos registros em pacientes. A iniciativa alertou a população sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoce.
A ação ocorreu no Centro de Referência de Doenças Tropicais (CRDT) e os usuários que apresentaram sintomas suspeitos, como manchas na pele, passaram por avaliação e foram encaminhados para médicos especializados. Segundo a diretora, Inês Ribeiro, de janeiro ao início de março de 2018, outros 22 casos foram diagnosticados.
“Nossa ação visa orientar a população para que busque identificar se tem a hanseníase, pois quando mais cedo inicia o tratamento, mais rápido ocorre a cura. No ano passado tivemos um índice considerado elevado da doença e mais de 20 casos só no início do ano. Muitas pessoas nem devem saber que podem estar com hanseníase”, destacou.
Em 2016 ocorreram 110 casos da doença no estado, com a infecção de 3 crianças, segundo dados da Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS). O aumento do quantitativo de crianças afetadas preocupa órgãos de saúde do estado, que se organizam para investigar a incidência.
A hanseníase atinge pele e nervos periféricos e pode levar a sérias incapacidades físicas. É transmitida principalmente pelas vias respiratórias superiores de pacientes com muitos bacilos (multibacilares) não tratados. As informações são do Ministério da Saúde.
A pessoa que apresentar manchas amareladas ou avermelhadas pelo corpo, nódulos com dores e coceira, deve procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para realizar os testes, reforçou a diretora. Em casos mais avançados, ela pode iniciar o tratamento no centro de referência.
“O tratamento é gratuito e após 15 dias de início, o paciente deixa de transmitir a doença para outras pessoas, já que ela é contagiosa por vias respiratórias. Os casos mais simples podem ser tratados nas UBSs, e os mais complexos são encaminhados para cá”, comentou.
O agricultor Francisco de Assis Oliveira, de 57 anos, há cinco anos descobriu que tinha hanseníase e iniciou o tratamento. Atualmente está curado, mas realiza o acompanhamento para que a enfermidade não volte a se manifestar.
“Como trabalho no sol, essas manchas incomodavam muito e estava doendo minha pele. Ao procurar o médico, descobri que tava com hanseníase e decidi começar a me tratar logo. Hoje, apesar de algumas sequelas, me sinto bem melhor”, avaliou.
O diagnóstico e o tratamento da hanseníase são ofertados pelo SUS, disponível em unidades públicas de saúde. Por isso, o Ministério alerta a população sobre sinais e sintomas da doença com o objetivo de estimular a busca pelos serviços e mobilizar profissionais de saúde na busca ativa por casos novos.
Doença
A hanseníase já foi conhecida como lepra. É uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria denominada Mycobacterium leprae. A transmissão ocorre através do contato direto com doentes sem tratamento, que eliminam os bacilos através de secreções nasais, da fala, tosse e espirro.
Os principais sintomas da doença são sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades; surgimento de manchas brancas ou avermelhadas, geralmente com perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e ao toque.