“Violência e Pobreza – As favelas estão abandonadas mais uma vez. E a polícia também mata crianças” – É com este título e nenhuma suavização que vem a matéria publicada pela “L’Espresso” do dia 9 de Fevereiro. O Brasil está sendo destacado pela crise de segurança no Rio de Janeiro e lamentavelmente pela crueldade da polícia.

Janaina Cesar e Caroline Cavassa são as brasileiras que produziram a matéria que relembra os brutais assassinatos dos jovens Marcos Vinícios, de 14 anos atingido por uma bala enquanto ia para escola, vestido com o uniforme da rede pública do estado. E de Agatha Vitória Félix, 8 anos atingida no banco de trás de uma Kombi, estava ao lado da própria mãe. Esses casos e mais outros contabilizam 5 mortes e 12 casos de ferimento a crianças inocentes, subsequentes do conflito entre a polícia e o tráfico.

O texto da revista italiana vem a denunciar o que não é segredo para nós brasileiros: a relação destes assassinatos cruéis com a política pública com que Witzel, atual governador do Rio de Janeiro, foi eleito. “A polícia vai mirar na cabecinha…” foi a frase dita por ele que não foi traduzida á raiz pelas jornalistas. Alinhado aos pensamentos conservadores e “cristãos”, está o ministro da justiça que legaliza tais atitudes no chamado “Pacote anti-crime” no qual garante a polícia a exclusão da ilegalidade de matar em autodefesa e sem punição.

Mas sabemos que a política pública é uma justificativa vazia para matar a população negra e pobre. Uma fria resposta para um problema social do Brasil que há séculos investe na violência e na manutenção das estruturas desiguais da sociedade, mais do que no desenvolvimento humano e digno para os moradores das comunidades da periferia.

O Texto da L’Espresso traz o termo Necropolítica, do teórico Achille Mbembe, para explicar tais atitudes de soberania do  estado como controle da sociedade, a partir do poder da decisão sobre quem merece viver e quem merece morrer. E historicamente, são sempre os mais pobres a pagarem o preço, enquanto o resto do mundo a se ojeriza com o poder que não perdoa nem as próprias crianças da nação.

A polícia viola, rotineiramente e violentamente, os direitos humanos e pratica um verdadeiro genocídio da população negra e pobre do Brasil. Nossas instituições assistem com frieza uma realidade em que 76,2% das mortes da população negra, é pelas mãos do estado. São os dados vergonhosos do Instituto de Pesquisa econômica Aplicada (IPEA).

Até quando vamos assistir esse massacre, sem se indignar com os casos dolorosos que vão a mídia internacional? Sem nos movimentarmos e defendermos o direito das nossas crianças de viver e se desenvolver no nosso país?