NHR Brasil Março/2020 – Brasil é primeiro país a iniciar ensaio clínico do PEP++: 

A fase de ensaio clínico do Programa PEP++: Interromper a Transmissão da Hanseníase teve início na primeira semana de março após eventos oficiais de lançamento em Fortaleza e Sobral. O Brasil foi o primeiro país do programa a iniciar a abordagem de campo com quimioprofilaxia para contatos, estratégia que também será testada na Índia e na Indonésia.

Um dos resultados esperados do PEP++ é reduzir em até 50% o número de novos casos de hanseníase nas áreas escolhidas para a pesquisa. Para isto, cada país buscará 200 mil contatos de pessoas diagnosticadas com a doença para administrar o esquema reforçado de profilaxia pós-exposição (três doses de rifampicina e claritromicina).

Os eventos de lançamento contaram com a presença de representantes da NLR, organização que coordena internacionalmente o programa. A pesquisa é financiada pela Loteria Nacional Holandesa, através do Fundo dos Sonhos. A NHR Brasil coordena nacionalmente o programa.

Detalhes da estratégia foram apresentados e discutidos na programação de lançamento do dia 4 de março, no Hotel Praia Centro, em Fortaleza. A solenidade contou com a presença do secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, e da coordenadora de Vigilância das Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde, Carmelita Ribeiro Filha.

“Eu desejo muito que este estudo seja muito exitoso, parabenizo a todos os envolvidos pelo desafio, porque a quimioprofilaxia pode lançar luz a quadros que nós não estamos enxergando. Eu creio que ela vai contribuir de forma significativa para o enfrentamento dessa carga global”, declarou o secretário Wanderson Oliveira na mesa de abertura.

Também foram explanadas as perspectivas científicas das abordagens propostas. Além da quimioprofilaxia, o programa busca fortalecer o sistema público de saúde e trazer um olhar atento às comunidades endêmicas, com melhores habilidades para o controle da doença e ações educativas para levar mais conhecimento e reduzir o estigma.

O Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) esteve representado na cerimônia com mensagem do coordenador nacional Artur Custódio, cuja participação presencial foi impossibilitada por motivos de saúde.// A BRASA estava no evento de Fortaleza, representada pelo Coordenador geral, Stefano Simoni.

Presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), Cláudio Salgado enfatizou que a doença precisa ser enfrentada com diversas estratégias, pontuando que é necessário priorizar a proteção da pessoa acometida e a informação. Na cerimônia, Salgado também apontou que o Brasil precisa prezar pela qualidade da avaliação dos contatos de hanseníase.

Doses simbólicas

Além da solenidade de lançamento, foram realizados dois eventos para administração de doses simbólicas do esquema de prevenção para contatos. Terezinha Gomes, a primeira pessoa beneficiada pelo programa, recebeu a dose do PEP++ na cidade de Sobral, com solenidade realizada no dia 5 de março no Centro de Saúde da Família Cleide Cavalcante Sales, no bairro Sumaré.

Foi um momento histórico após todas as fases de preparação do estudo, comemorou Wim van Brakel, Coordenador Técnico Sênior do Programa PEP++. Com a pesquisa, o Brasil e os demais países envolvidos têm a oportunidade de gerar evidências científicas sobre uma prevenção reforçada para pessoas que estiveram expostas à infecção em comunidades endêmicas.

A família de Maria José e Francisca Teixeira deu seguimento às doses simbólicas, recebendo o esquema do PEP++ durante solenidade na cidade de Fortaleza. “Eu topo qualquer oportunidade de prevenção, o importante é a saúde. Principalmente porque tivemos a doença muito perto da gente na família”, comentou Francisca.

A cerimônia foi realizada na unidade básica de saúde Fernando Diógenes, no bairro Granja Portugal. Além da fala de gestores da saúde e do Programa PEP++, o evento foi marcado pelo relato de agentes comunitários de saúde e agentes de endemias, profissionais envolvidos na condução de outras etapas do programa, como o mapeamento de casos e estudo de percepção nas comunidades.

Na ocasião, eles agradeceram pela mobilização estimulada pelas equipes da pesquisa, levando os agentes a uma melhor compreensão sobre a hanseníase e sobre o papel deles na suspeição de casos e articulação com os serviços de saúde.

“É preciso se falar sobre a hanseníase, é preciso divulgar sobre a hanseníase, é preciso se apaixonar cada vez mais pela hanseníase com a esperança em um futuro melhor para as populações sob o risco de adoecer”, defendeu Aymée Medeiros, coordenadora do Programa PEP++ no Brasil, em seu discurso de encerramento.

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