Entre as diferentes leituras que podemos fazer das informações publicadas na PNAD Contínua 2022 – Pessoas com Deficiência, é de fundamental relevância analisar o quadro da empregabilidade da pessoa com deficiência no nosso país. Com esta intenção, vamos analisar alguns dos resultados mais significativos neste sentido.
As informações aqui apresentadas são extraídas da publicação oficial do IBGE, disponível neste endereço em formato PDF: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv102013_informativo.pdf
Em 2022, no Brasil o numero de pessoas com deficiência com idade de trabalhar era de 17,5 milhões, o equivalente a cerca de 10% do total da população com 14 anos ou mais de idade, sendo que 10,3 milhões eram mulheres e 7,2 milhões, homens.
Porém, as pessoas com deficiência que estavam de fato na força de trabalho correspondiam a 5,1 milhões: 2,5 milhões de homens e 2,6 milhões de mulheres. Assim, 12 milhões de pessoas com deficiência estavam fora da força de trabalho no Brasil: 4,6 milhões de homens e 7,7 milhões de mulheres.
A taxa global de participação da força de trabalho no Brasil foi de 62,7%. Entretanto, essa taxa entre as pessoas com deficiência, cai significativamente, para 29,2%. A existência de deficiência pode ser um fator que se sobrepõe a desigualdade entre os sexos. Embora os homens tenham historicamente taxa de participação maior que das mulheres, quando se considera homens com deficiência, a taxa (35,1%) foi inferior à das mulheres sem deficiência (57,1%).
Entre as Grandes Regiões, a Centro-Oeste registrou o maior percentual de pessoas com deficiência na força de trabalho, 35,7%, seguida da Região Norte, 35,1%. As Regiões Sul e Sudeste tiveram taxas de 29,6% e 28,5%, respectivamente. A Região Nordeste apre- sentou o menor percentual, 26,8%.
Comparando as participações da força de trabalho entre homens com e sem deficiência, as Regiões Sul (-44,5 pontos percentuais) e Sudeste (-43,6 pontos percentuais) apresentaram maiores disparidades. Em relação às mulheres, estas distinções foram em patamares um pouco menores, mas ainda assim significativos, sendo a diferença de -36,4 pontos percentuais na Região Sul e -35,8 pontos percentuais na Região Sudeste.
O nível de instrução é notadamente um grande diferencial para a inserção de todas as pessoas no mercado de trabalho. Porém, se fazemos o recorte de empregabilidade por nível de instrução e existência de deficiência, percebe-se que, para a população com deficiência, ter alto nível de instrução, como nível superior, por exemplo, não é quesito suficiente para reduzir a discrepância de participação em relação às pessoas sem deficiência.
Em relação às pessoas na força de trabalho sem instrução e com ensino fundamental incompleto, 18,9% das pessoas com deficiência estavam na força de trabalho, 29,1 pontos percentuais abaixo do obtido para as pessoas sem deficiência. Ao analisar para o extremo oposto, as pessoas com nível superior, a dimensão da diferença de participação das pessoas com e sem deficiência também foi em torno de 29 pontos percentuais, mas com proporções maiores, sendo 54,7% para pessoas com deficiência e 84,2% para as sem deficiência. As Regiões Sudeste e Sul apresentaram as maiores diferenças entre as pessoas com e sem deficiência com nível superior, 32,8 pontos percentuais e 30,7 pontos percentuais, respectivamente. Na Região Norte, além de ter a maior participação das pessoas com e sem deficiência e nível superior na força de trabalho, 64,8% e 86,1%, respectivamente, também foi a Região com menor disparidade entre os dois grupos com esse nível de instrução, com 21,3 pontos percentuais.