BRASA atua no Brasil em parceria com várias instituições, governamentais e não governamentais, dando suporte técnico e financeiro em duas áreas: hanseníase e reabilitação, esta última incluindo reabilitação física e social e neste grupo atuamos também com crianças e outros grupos (mulheres, indígenas, etc.) em situação de vulnerabilidade social.
O ano de 2015 trouxe em seu bojo algumas mudanças dentro da BRASA, como a contratação de um Coordenador Geral, além de modificações na estrutura organizacional e operativa, buscando maximizar o potencial da instituição.
Junto às instituições parceiras, as atividades foram mantidas conforme documentos de projetos apresentados e aprovados pela BRASA. As visitas realizadas pela equipe BRASA aos projetos apoiados constatam um envolvimento cada vez maior das equipes executoras, totalmente comprometidas no desempenho das atividades propostas e na contribuição para a melhoria social dos grupos alvos dos projetos e, de consequência, da comunidade como um todo.
Objetivando o máximo de transparência, mas também a divulgação dos trabalhos executados pelos nossos colaboradores locais, a BRASA publica uma síntese dos relatórios enviados pelas instituições parceiras. Neste artigo apresentamos o relatório 2015 do Projeto Goiás.
PROJETO GOIÁS – em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SESGO)
O Programa de Eliminação da Hanseníase no Estado de Goiás, seguindo as diretrizes da nova gestão do Programa de Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde tem como meta diagnosticar precocemente os casos, tratar e curar, examinar os contatos intradomiciliares, para reduzir as fontes de transmissão. Para o alcance da proposta de eliminação da hanseníase, as principais estratégias se configuraram na descentralização do diagnóstico, tratamento e vigilância, dentro de uma rede de assistência integral. Dentre as principais atividades desenvolvidas em 2015 destacaram-se:
- Análise das informações, construção e avaliação dos indicadores pactuados;
- Planejamento, monitoramento e avaliação das ações programadas e executadas;
- Atividades de educação permanente e mobilização social para a intensificação do diagnóstico precoce, tratamento dos casos, vigilância dos contatos intradomiciliares, prevenção de incapacidades e reabilitação.
O Ministério da Saúde tem o compromisso de eliminação da hanseníase como problema de saúde pública, ou seja, alcançar menos de 1 caso por 10.000 habitantes. Em 2015 o Estado de Goiás detectou 1.668 casos novos de hanseníase, correspondendo a um coeficiente de detecção geral de 25,2/100.000 habitantes, índices considerados muito altos. O controle da doença depende de coeficientes abaixo de 2/100.000.
Embora o Estado de Goiás registre decréscimos nos coeficientes de prevalência e de detecção de casos novos de hanseníase, existem áreas consideradas mais endêmicas com importante manutenção da transmissão. Casos de hanseníase em menores de 15 anos refletem transmissão recente e ativa da doença. Em 2015, foram registrados 67 casos em menores de 15 anos e um coeficiente de detecção dessa faixa etária de 4,9/100.000 habitantes.
As medidas de vigilância para o alcance da meta de eliminação da doença baseiam-se essencialmente no diagnóstico precoce, na cura dos casos diagnosticados e no exame dos contatos intradomiciliares. Os dados coletados indicam que houve melhora do indicador, evidenciado pelo aumento do número de contatos examinados, dentre os registrados, alcançando 85% de examinados, o que significa meta alcançada.
Principais entraves para o desenvolvimento das atividades:
- Problemas operacionais com o sistema de informação – SINAN NET (atrasos de informações, dificultando as intervenções em tempo hábil);
- Necessidade de capacitação de recursos humanos pela alta rotatividade de profissionais;
- Falta de recursos financeiros (pagamento de hora aula) para incentivar multiplicadores a ministrar as capacitações nas Regionais de Saúde e municípios;
- Déficit de recursos humanos na coordenação estadual para as atividades de monitoramento das ações.
Ações que devem ser desenvolvidas pelos municípios para melhorar seus indicadores e situação de saúde:
- Monitorar o sistema de informação (SINAN) desde a notificação e acompanhamento do caso até a construção e análise dos indicadores;
- Realizar oficinas de planejamento, monitoramento e avaliação das atividades desenvolvidas visando o planejamento de novas estratégias nos municípios;
- Buscar, diagnosticar e tratar de forma integral os casos oportunamente, incluindo avaliação de todos os contatos intradomiciliares, visando a interrupção da cadeia de transmissão;
- Realizar atividades de capacitação de profissionais da rede básica para o diagnóstico e tratamento integral da hanseníase, visando a continuidade do processo de descentralização das ações;
- Realizar atividades de educação em saúde e mobilização da sociedade.
Apresentação das atividades e avaliação do impacto de medidas de intervenção que foram adotadas:
- As atividades de capacitação para profissionais da rede básica de saúde em 15 Regionais de Saúde e municípios jurisdicionados contribuíram para o aumento da cobertura das ações de controle nos serviços de atenção básica;
- O monitoramento das atividades realizadas por meio de supervisões in loco favoreceu o desenvolvimento de ações mais efetivas;
- As oficinas de planejamento e avaliação das ações permitiram maior envolvimento dos profissionais de saúde e possibilitou a elaboração de novas estratégias de controle;
- A aquisição de produtos para tratamento de feridas permitiu reabilitação física, psicológica e social ao portador da hanseníase;
- A Aplicação do Protocolo Complementar de Investigação Diagnóstica (PCID) em menores de 15 anos favoreceu a eficácia do diagnóstico;
- Aplicação do Protocolo de Controle de Recidiva – contribuiu para uma prevalência fidedigna;
- A adesão do paciente ao tratamento, o empenho dos profissionais em acompanhar os casos, a alta por cura em tempo oportuno e a atualização do sistema de informação (SINAN) contribuíram para o aumento do percentual de cura;
- O exame físico dermatoneurológico de todos os contatos intradomiciliares aumentou o percentual de contatos examinados e favoreceu o diagnostico precoce.