Hoje viemos com um texto enviado por uma amiga da Associação BRASA, ela mora na região periférica da Zona Norte de São Paulo e relata como seu entorno está vivenciando a pandemia do Coronavírus. De acordo com o datafolha e outras reportagens da mídia brasileira, a situação é corriqueira nas favelas brasileiras.
”Os encontros entre amigos, bailes funks e cultos continuam acontecendo nas periferias, com a quarentena, a frequência é até maior pois muitas pessoas estão levando isso como férias e ignoram a gravidade das aglomerações. As comunidades estão divididas: ao mesmo tempo que muitas pessoas entendem o que é o coronavírus e o que ele pode causar, e seguem todas as recomendações da OMS; muitas pessoas também continuam seguindo suas rotinas de encontros e aglomerações, ignorando totalmente o que está acontecendo.
É de se questionar se é ignorância ou falta de informação, porém, é comum ouvir pessoas nas ruas reproduzindo as falas do presidente e acreditando que isso seja só uma gripezinha enquanto os hospitais de referência da região estão cada vez mais cheios e tendo que substituir suas alas para dar conta de tantas pessoas com grave comprometimento do pulmão.
Nos AMAs da região, os sintomas são sempre os mesmos: dificuldade para respirar, tosse e febre; vários profissionais de saúde afastados do trabalho por suspeita da doença, e mesmo assim, uma parcela da população parece não acreditar no que está acontecendo.
O comércio não essencial continua funcionando, e as pessoas com o “tempo livre” continuam a frequentar esses locais podendo facilmente propagar o vírus cada vez mais, desrespeitando totalmente e colocando em risco a saúde daquelas pessoas que realmente precisam trabalhar, seja no comércio essencial ou na linha de frente contra o vírus. Os mercados da região tiveram que tomar medidas mais rígidas para controlar o número de pessoas, a ignorância mais uma vez é enorme pois muitas continuam estocando alimentos de maneira desnecessária.
Ficar dentro de uma casa com condições de habitação precárias como acontece nas periferias incomoda, mas a única distração e refúgio dessas pessoas são as aglomerações que iniciam na quinta-feira e terminam no domingo, nos bailes funks? Ou não se pode pensar em alguma outra atividade que não inclua esses encontros?
Enquanto as pessoas não fizerem o mínimo, a quarentena vai durar cada vez mais e várias vidas serão perdidas. Mas enquanto a vida perdida não for de alguém importante para as pessoas que “furam” a quarentena e desacreditam da gravidade da situação, os encontros e aglomerações continuarão acontecendo na favela.