Nossos parceiros da DAHW Brasil publicaram nesta última Terça-feira, um belo diálogo com informações importantes sobre a hanseníase e além disso nos convida a enxergar a doença em outras realidades num cenário pouco debatido: O feminino.
As falas vão contextualizando para diferentes perspectivas do que é apontado e do que conhecemos como um perfil que seria mais “comum” de pacientes da hanseníase. Especialmente o de mulheres e a realidade que enfrentam somando a dificuldade de ter e tratar da doença em diferentes esferas.
” – Agora vamos pensar juntos, imagina você uma mulher, sem escolaridade (não porque não quis estudar, mas porque não pode), hoje dona de casa, mãe de 3 filhos pequenos, sem recursos financeiros disponíveis, doente pela hanseníase, residindo a muitos quilômetros de um serviço de saúde (num país subdesenvolvido). Você acha que ela terá um diagnóstico precoce da hanseníase para evitar sequelas e a transmissão aos seus familiares?
– Com certeza não, infelizmente.
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– Temos ainda a situação da autoestima da mulher e o estigma que a doença causa, pensa comigo: você está com uma doença que traz toda uma carga histórica de preconceito, isolamento e deformidades, está se sentindo diferente, a sua cor muda devido aos medicamentos, aparecem manchas em seu corpo, sente muitas dores, os amigos e colegas de trabalho, começam a te perguntar: o que é que você tem? O seu físico está comprometido e falta pouco para o seu emocional desandar.
– E quando chega em casa, depois de um dia de trabalho, seu companheiro “comunica” que está indo embora, porque estão falando dele: – Que está casado com uma leprosa. Precisa ser e estar muito forte e focada para não perder o controle. “
*trechos extraídos do diálogo com a Marines Uhde, Enfermeira Acometida pela Hanseníase
Ao fim lembraram da importante figura da Dra. Ruth Katherina Martha Pfau, que viveu sua vida tratando pacientes com hanseníase no Paquistão e veio a falecer dois anos atrás em 2017 aos 87 anos.