Ashley é uma jovem de 22 anos de Porto Nacional, na região amazônica do estado brasileiro do Tocantins. Casada aos 14 anos, hoje vive sozinha com três filhos, para se sustentar com problemas de saúde. Dois em particular têm lábio leporino. “Meus amigos me disseram para levar meu filho mais novo a um centro de saúde, mas eu estava com um pouco de medo de não saber se poderia ir lá pedir ajuda. Até que um dia tive coragem e conheci o ‘Centrinho’, como chamamos o Centro de Educação e Recuperação Infantil”.
Dirigido pela Comsaude com o apoio da BRASA o Centro desenvolveu um programa que ajudou Ashley a melhorar sua vida e a de seus filhos que precisavam de cuidados específicos. Dois deles conseguiram se submeter a uma cirurgia de lábio bem-sucedida, enquanto o terceiro, uma menina, ela continuou a sofrer de problemas de saúde.
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“Minha filha teve problemas pulmonares, graças ao ‘Centrinho’ ela foi atendida e agora está bem melhor”. Ashley encontrou um futuro: “Consegui terminar meus estudos, graças ao tempo que a equipe dedicou aos meus filhos. Hoje minha vida é linda”. Luciana, longe de Porto Nacional, morava numa zona rural muito deprimida onde passava literalmente fome. Conheceu o “Centrinho” quando a equipa visitou a aldeia para garantir à população desnutrida uma sopa com produtos naturais e ricos em proteínas, preparada pelos colaboradores da Comsaude.
Graças ao “Centrinho” Luciana agora pode se alimentar de forma suficiente e regular, e trabalhar com mais serenidade e energia.
“Minha vida mudou de repente” diz hoje com alegria.
AS VANTAGENS DA ALIMENTAÇÃO NATURAL
O Centro de Educação e Recuperação Infantil, mais conhecido pela população local como “Centrinho”, realiza um programa multissetorial de combate à desnutrição generalizada na região de Porto Nacional, no estado do Tocantins, no norte do Brasil. O programa é apoiado pela ONG local Comsaúde (Comunidade de Desenvolvimento em Saúde e Educação) e pela filial brasileira de nossa Associação, AIFO BRASA. Entre as atividades fundamentais do Centro está a de identificar o estado de desnutrição das famílias e em particular dos meninos e meninas. As histórias de Ashley e Luciana que contamos foram coletadas durante visitas domiciliares aos bairros mais pobres e às áreas rurais mais marginalizadas da região. O estado de desnutrição é sempre acompanhado pelas precárias condições socioeconômicas e de saúde das famílias onde vive a infância.
[Estas são muitas vezes famílias monoparentais, com apenas a mãe presente, na maioria das vezes com saúde precária e com recursos financeiros precários. Por isso, o programa apoiado pela AIFO inclui iniciativas em diferentes níveis. Para melhorar a quantidade e a qualidade dos alimentos, as famílias são orientadas, por meio de treinamento específico, para utilização de produtos naturais disponíveis localmente, com boa ingestão calórica, e também no que diz respeito aos aspectos de higiene.
A participação das mulheres e das mães desempenha naturalmente um papel decisivo. Para as famílias de baixa renda também é uma oportunidade de se alimentar adequadamente a custos mais baixos. De fato, a desnutrição e a pobreza desenvolvem-se em conjunto e por isso as famílias são incentivadas, através da formação, a realizarem atividades de apoio aos seus rendimentos, por exemplo, com a produção de sabão caseiro.
Em termos de saúde, é dada especial atenção às futuras mães. Assim, incentiva-se o parto normal, começando com a formação específica de pessoal básico de saúde para “humanizar o parto”, prosseguindo com ações direcionadas às gestantes para informá-las sobre as vantagens do parto normal (a cesariana é utilizada no Brasil muito além da necessidade objetiva), da fonte de alimentação saúde e higiene natural para si e seus filhos. A educação dos pais também é fundamental, as gravidezes precoces são generalizadas, razão pela qual existem sessões dedicadas à saúde sexual e reprodutiva com a participação de homens e mulheres.
Esse texto foi publicado originalmente na revista AIFO e você encontra no link –
