Por Carla Saemi

Neste sábado (28), é celebrado o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia de Redução da Mortalidade Materna

Criadas em 1984, na Holanda, durante o IV Encontro Internacional Mulher e Saúde, o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia da Redução da Mortalidade Materna alertam que apesar de a preocupação global com o tema já ter quase 40 anos, infelizmente, os problemas continuam.

Segundo dados registrados no Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna, em 2021, o Brasil teve média de 107 mortes a cada 100 mil nascimentos. Taxa acima das estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que é de 70 mortes a cada 100 mil nascimentos. Para efeito de comparação, na Europa, por exemplo, a taxa média do continente é de 13 mortes por cada 100 mil nascimentos.

99% de todas as mortes maternas no mundo ocorrem em países em desenvolvimento e, essa taxa é ainda maior entre mulheres que vivem em áreas rurais e comunidades mais pobres. As causas da mortalidade materna são completamente evitáveis – cuidados antes, durante e após o parto podem salvar a vida.

No Brasil, o aborto clandestino está entre as cinco principais causas de mortalidade materna, aproximadamente 5% do total de óbitos, fazendo com que seja urgente a retomada da discussão sobre os direitos reprodutivos femininos no país.

A dupla jornada das mulheres, que além de sustentarem a casa ainda cuidam da família e dos afazeres domésticos também contribuem com a vulnerabilidade de suas saúdes. Muitas não têm acesso ou tempo para realizar os exames preventivos. E doenças como câncer de mama, endometriose, infecção urinária, câncer no colo do útero, fibromialgia e depressão estão entre as principais causas de mortalidade.

Já as mulheres trans não encontram acolhimento no sistema básico de saúde. As situações de transfobia nos atendimentos médicos as afastam dos cuidados com a saúde. Em razão da violência e da falta de acesso ao atendimento, a expectativa de vida das mulheres trans no Brasil é de 35 anos.

Além de lutarmos por uma maior estrutura do poder público para o atendimento de saúde humanizado e que foque na prevenção, é importante empoderar as mulheres nos cuidados com sua própria a saúde, as aproximando dos centros de saúde para que possam participar ativamente e entender que o atendimento adequado as suas necessidades é um direito.

A potência feminina é capaz de provocar mudanças

As mulheres são a principal força de trabalho da saúde, representando 65% dos mais de seis milhões de profissionais no setor público e privado, tanto nas atividades diretas de assistência em hospitais, quanto na Atenção Básica. Unir forças entre essas profissionais e as comunidades femininas do país é de extrema importância para que caminhos e soluções sejam encontrados.

quatro mulheres em uma unidade básica de saúde são colaboradoras do projeto hanseníase em redes

A Brasil Saúde e Ação (BRASA) acredita que aproximar as comunidades dos centros de saúde e empoderar mulheres na luta pela garantia de sua saúde e bem-estar é um caminho poderoso de transformação.

Entre os projetos da BRASA está o “Vozes Femininas” que reúne mulheres com deficiência e cuidadoras de familiares com deficiência formando uma rede para dar voz e construir uma rede poderosa de acolhimento para uma vida mais plena, as incentivando a serem protagonistas da própria transformação. Saiba mais sobre esse projeto que vem mudando as realidades dessas mulheres desde 2019.

O projeto “Hanseníase em redes de interfaces: saúde educação e sociedade” realizado na região do semiárido do Brasil já envolveu centenas de pessoas na conscientização para a detecção precoce de casos, bem como estabelecer práticas colaborativas de enfrentamento.

Taiza Oliveira de 32 anos de Mossoró, Rio Grande do Norte, foi uma das participantes do projeto, e assim pode entender melhor o diagnóstico do seu marido, vítima da doença, e participar de diálogos sobre os problemas sociais da hanseníase junto aos profissionais e educação popular da região. Conheça a história da Taiza.

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