O novo modelo proposto pela gestão pública paulistana para o sistema de transporte na capital dificilmente atenderá as necessidades dos usuários com deficiências. A reformulação irá alterar os trajetos de 43% das linhas de ônibus, extinguindo 149 linhas e retirando de circulação, até 2021, cerca de mil coletivos. A alterações começam a ser implementadas no final deste ano e o debate sobre o assunto pela sociedade se encerra no próximo dia 3 de fevereiro.

A conclusão sobre a pouca eficiência e o excesso de barreiras foi construída durante uma plenária organizada pelo Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência de São Paulo, para discutir o edital de licitação do transporte público apresentado pela gestão João Dória, no final de dezembro de 2017, e que vinha sendo aguardado desde 2013.

Durante o encontro, organizado e dirigido pelas conselheiras Maria de Fatima Silva Lima e Sandra Ramalhoso (transporte), juntamente com Luciana Trindade (Acessibilidade), Eulália e Dora (Saúde) e Carlos Jorge (Cultura e Lazer), discutiu-se, também, a escolha de delegados para Convenção Municipal de Saúde e as demandas e as resposta da pesquisa sobre o transporte.

O evento aconteceu no período da tarde, do último sábado (14/01), na Paróquia Santa Luzia e São Pio X, no Bairro Água Rasa, na cidade de São Paulo (SP), e contou com o apoio do vigário local, Jose Mario Ribeiro, e do representante da Pastoral da Pessoa com Deficiência Carlos Campos. A minuta da licitação foi explicada pelo representante do Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e conselheiro municipal de Transporte e Transito Rafael Calábria.

Além de questionar as debilidades contidas na minuta, a plenário, também, elencou outras questões suscitadas no curso do encontro e que serão discutidas com o secretário Municipal de Mobilidade e Transportes da Prefeitura da Cidade de São Paulo, Sergio Avelleda. Entre as preocupações estão:

  • capitulo especifico que determine às novas empresas normas de acessibilidade e facilite a busca de informações;
  • o aumento do número de viagens em microonibus e ônibus acarretará em mais transbordos, mais riscos de acidentes em veículos adaptados com elevadores, mais tempo gasto entrar e sair do veículo;
  • com o aumento no número de transbordos, verificamos que ficará mais difícil acessar pontos de ônibus acessíveis; consideramos o tempo de duração do contrato, demarcado de 20 anos muito longo para que se fique à mercê de empresas cujo o único interesse é o lucro;
  • como fica a dinâmica do serviço ATENDE, que deverá ter sua rotina acelera, haja vista que são grandes as dificuldades geradas pelo excessivo número de transbordo.

A capital paulista, de acordo com o IBGE (2010) tem cerca de 2,7 milhões de pessoas com deficiência, o que representa 23% da população da cidade. Atualmente, circulam pelo sistema de transporte 13.603 veículos. A prefeitura trabalha para reduzir esse número para 12.667. Já o total de linhas cairá, em três anos, de 1.336 para 1.187. A oferta será ampliada do atual 1 milhão de lugares para 1,135 milhão. A proposta prevê aumento de 22 para 29 empresas prestando o serviço, em três sistemas complementares (ante os atuais sistema local, de micro-ônibus, e estrutural, de coletivos comuns), mas com redução do número total de linhas e de veículos em operação.