Francesca Ortali é responsável pelo Escritório de Projetos Estrangeiros da AIFO e é uma antropóloga de formação com vários anos de trabalho na Indonésia. Aifo é a associação italiana amiga de Raoul Follerau, uma organização que atua no campo da cooperação internacional para o desenvolvimento, realizando iniciativas sócio-sanitárias para os direitos dos últimos, em prol da inclusão social.

Francesca foi entrevistada por um dos maiores jornais italianos, o Corriere Della Sera, para o blog Invisibili. Leia a matéria original no link.

A conversa com Antonio Giuseppe Malafarina sobre gestões de saúde (cooperação circular, ou cooperação de retorno) e projetos que buscam aprimorar o atendimento a pessoas com deficiência (RERSUS e hospitais comunitários) foi traduzida para português.

 

Doutora, como é gerida a organização para pessoas com deficiência no mundo?

“As organizações que lidam com deficiência em nível internacional estão divididas em duas categorias: federações ou consórcios que incluem ONGs e organizações de pessoas com deficiência que trabalham em países economicamente desfavorecidos (por exemplo, International disability and development consortium – Idcc) e exclusivamente federações de organizações de pessoas com deficiência que estão envolvidas na defesa de seus direitos, em nível nacional, europeu e internacional (por exemplo, International disability alliance – Ida)“.

 

 

O que se entende por cooperação circular ou de retorno?

“O projeto Rersus, gerenciado pela Aifo, faz parte de uma colaboração na área de saúde e social entre a Região Emilia-Romanha (agência regional de saúde, direção geral de cuidados pessoais, saúde e bem-estar) e a “Rede Unida” no Brasil, lançada em 2014 e gerenciada através do laboratório ítalo-brasileiro de treinamento, pesquisa e práticas em saúde coletiva, realizado anualmente em Bolonha. Este é um projeto piloto que envolve a ativação de serviços de cuidados intermediários no Brasil, dentro do sistema único de saúde (SUS). A iniciativa pretende organizar uma unidade piloto de atendimento intermediário no município de Niterói (estado do Rio de Janeiro), a partir do modelo hospital comunitário (OsCo) promovido no território da Região Emilia-Romagna. Portanto, é um exemplo de cooperação circular ou de retorno que é particularmente interessante à luz da pandemia causada pelo vírus Covid-19″.

 

 

Em termos simples, o que são hospitais comunitários?

“Os hospitais comunitários/OsCo (assim definidos porque são hospitalização territorial/ instalações para pacientes) estão integrados na rede de serviços distritais. Geralmente, mas existem variantes, elas prevêem a presença de enfermeiros e trabalhadores sociomédicos (24 horas por dia), com o apoio de médicos de clínica geral e continuidade dos cuidados médicos (ex-médicos) e/ou especialistas. Estas são estruturas, ou melhor, modelos de cuidados intermediários que se encaixam entre o hospital, comumente entendido, e os cuidados domiciliares. Eles são destinados às pessoas/estágios mais fracos da população (por exemplo, idosos e pessoas com doenças crônicas), para garantir seu atendimento na fase pós-acutida após a alta do hospital, antes de voltar para casa, ou na fase de recaída da doença crônica, que não requer terapias ou diagnósticos de alta tecnologia, evitando assim o retorno ao hospital. OsCo são lugares “abertos” e durante a estadia hospitalar (estadia média máxima de 2-3 semanas) espera-se que os membros da família estejam presentes sem qualquer obrigação de tempo: as necessidades da pessoa prevalecem sobre os cuidados médicos. A responsabilidade pelo atendimento é do pessoal de enfermagem, que gerencia o paciente, prestando diferentes serviços (responsável pelo “gerenciamento de casos” personalizado)”.

 

 

Devemos voltar à cooperação circular para uma definição simples e instantânea?

“Cooperação circular, ou cooperação de retorno, é antes de tudo um entendimento correto do termo “cooperação” ações para benefício mútuo, onde ambas e todas as partes agem em benefício uma da outra. Nos últimos tempos e especialmente devido à pandemia causada pela Covid-19, sente-se mais próximo internacionalmente, porque o mundo inteiro está passando pela mesma situação. Em nossa opinião, esta é uma oportunidade de fazer o melhor uso das habilidades de cada parte do mundo e usá-las para o bem comum, removendo a crença de que não há nada a aprender de uma parte do mundo.

A deficiência não é uma doença, mas também afeta a saúde da pessoa, portanto, as boas práticas de saúde são importantes para muitas pessoas com deficiência.

Conheça mais o projeto de cuidados intermediários na saúde – RERSUS